Quem sou eu

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ELA TEIMOU E ENFRENTOU O MUNDO SE RODOPIANDO AO SOM DOS BANDOLINS... ELA SE JULGAVA AMADA AO SOM DOS BANDOLINS...

26.10.10

E como fumaça fui desvairindo molécula afora a procura de uma mudança atmosférica que me fizesse gota.
"Quem é essa que me olha?" - pensei. Se ao menos pudesse me ver. Mas sou fumaça agora, nada do que fui me veste.
Na caixa vazia fui colocando as fotos, os presentes, um papel de bombom, os infinitos cartões pedidos, os sonhos perdidos, os olhares arrepiados lacrimejados envergonhados entrelaçados.
Ne me quitte pas.
Ou quite de dentro de mim o desejo irrefutável de me jogar, cantando, de cabeça no mar dos deuses que hoje estão desacreditados.
Ne me quitte pas.
Ou quite de dentro de mim a vontade irrefutável de jogar, em gritos mudos, as memórias no mesmo mar dos deuses que hoje estão desapontados.
Quitte. Quite. Vá.
O final foi o mesmo, o que me atrapalhou foi o meio...mas não se preocupe, não deixarei que me atrapalhe novamente, me tornei fumaça, logo, estou imune ao meio.
Fique. Quitte. Vá.
Pelo menos me explique. Ou melhor, não fale nada.
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Eu tenho gostado tanto do silêncio...juro, você não me reconheceria. Fico quieta ouvindo meus próprios pensamentos, e se alguém se arrisca a falar, me irrito profundamente. São resquícios seus.
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Eu te fui o meu melhor. E mesmo que isso não signifique muita coisa e que eu não exista mais nem na lembrança ou que aqueles que nos leram continuem me achando uma idiota, eu te fui inteira.

Hoje sou fumaça, e quando fumaça quer virar gota, ela chora.

2.10.10

Os outros - Leoni

Já conheci muita genteGostei de alguns garotos
Mas depois de vocêOs outros são os outros
Ninguém pode acreditar
Na gente separado
Eu tenho mil amigos
Mas você foi o meu melhor namorado
Procuro evitar comparações
Entre flores e declaraçõesEu tento te esquecer
A minha vida continua
Mas é certo que eu seria sempre sua
Quem pode me entender
Depois de você
Os outros são os outros e só
São tantas noites em restaurante
Amores sem ciúmes
Eu sei bem mais do que antes
Sobre mãos, bocas e perfumes
Eu não consigo achar normal
Meninas do seu lado
Eu sei que não merecem mais que um cinema
Com meu melhor namorado
Procuro evitar comparações
Entre flores e declarações
Eu tento te esquecer
A minha vida continua
Mas é certo que eu seria sempre sua
Quem pode me entender
Depois de você
Os outros são os outros e só

17.9.10

Cheia.

A decepção é um dos ácidos mais corrosivos. Sou boba, me decepcionar é mto difícil. Mas estou aprendendo a conviver com a sua decepção. Estou completamente vazia por não compreender o cheio. Estou cheia então. Cheia.
Se ao menos a noite virasse dia e o dia virasse noite eu poderia sentir que pertenço a esse mundo.
Eu perdi o significado das coisas.

27.8.10

Catarse

Jurei beijar teu corpo sem descanço, Como quem sái sem rumo pra viagem, te cruzar sem mapa nem bagagem, queria inventar a estrada enquanto avanço...beijando teus pés, me perdendo entre teus dedos, luzes ao norte, pernas são estradas onde meus lábios correm a madrugada pra de manhã chegar aos teus segredos.
Como em teus bosques, Bebo nos teus rios entre teus montes, vales escondidos.
Fiz fogueira, Chorei, cantei e dancei.
E segui pensando em você...pensando em nunca mais te esquecer.
Mas eu falo de amor à vida, e você de medo da morte.
Eu falo da força do acaso e você de azar ou sorte.
Eu corro todos os riscos, você diz que não tem mais vontade.
Eu me ofereço inteira e você se satisfaz com metade.
Ou seja se eu ando num labirinto, você está numa estrada em linha reta e vice-versa.
É a meta de uma seta no alvo, mas o alvo, na certa não te espera!
E chegou a hora, de colocar um ponto final...
Bom, pelo menos já é um sinal de que tudo na vida tem fim.
O meu amor, então, partiu, nada ia mudar isso.
Nada ia mudar minha cama grudada em mim, nem meu rosto inchado de mágoa. O sol se escondia lá fora atrás de uma nuvem de água. Nas paredes nossa história e no teto a minha tela de cinema, nela eu ainda via o nosso esgrima de línguas.
Eu sabia que amanhã você voltaria com outro feitiço, mas o meu amor partiu e nada ia mudar isso.
Ah...mas que saudade do nosso eterno filme em cartaz...
E a casa da saudade é o vazio; o acaso da saudade, o fogo frio. Quem foge da saudade, preso por um fio, se afoga em outras águas mas no mesmo rio...
E você voltou com mais um feitiço. Enquanto deu, você disfarçou o sim cantando o não. Mas não adianta tentar apagar com a borracha, virar a página também não é solução...quando uma reta no nosso desenho se encaixa, fica pra sempre uma linha, uma mancha, um borrão.
Nos encontramos, e sim, saiu faísca como você previu...Tivemos certeza que tu és o castelo onde o meu desejo mora e desejo nós temos.
Conversamos e vimos que mesmo com todas as diferenças, os nossos corações são iguais, tenho os meus defeitos, você tem os seus.
E nos teus braços, sentimos tudo ficar em calma, deixamos que o beijo durasse, que o tempo curasse, deixamos que nossas almas tivessem a mesma idade que a idade do céu. Resolvemos falar sobre o passado depois porque o futuro estava esperando por nós dois. Eu te dizia com meu olhar que ao longo desse mês que eu estive sem você, eu fiz de tudo pra tentar te esquecer, eu matei você mil vezes e seu amor ainda me vinha...Então pensei: quantas vidas você tem?

Mas como seria tudo novo de novo? Estava me propondo fazer outra versão pra entender que o muito acabou?

Entenda que agora muito pra mim é tão pouco e pouco é um pouco demais. Viver estava me deixando louca, não sabia mais do que era capaz. Eu Gritava pra não ficar rouca, em guerra lutando por paz. Repito: Muito pra mim é tão pouco e pouco eu não quero mais.
Se é para eu seguir nessa estrada sem você, então me diz qual é a graça de já saber o fim da estrada, quando se parte rumo ao nada?

Hoje, escrevendo esse texto, penso como estou cansada do trabalho que é viver. E na fumaça de um cigarro meu olhar quer transceder; sei que tudo é tão bizarro quanto possa parecer...
Cada segundo infinito se conta.
Cada infinito contado desmonta...quando seu vulto, a mim, vem aparecer...
É, deve ser o amor que eu sinto por você pra querer tudo novo de novo.
Querer nos jogar onde já caímos e mergulhar do alto onde subimos...
Deve ser o amor que sinto por você...

(adaptação das músicas do Paulinho Moska)

4.8.10

A mulher e o futebol

Estava escutando uma incrível teoria sobre homens e mulheres e suas diferenças e gostaria de dividir com vocês:

Num jogo de futebol, bem, existe uma equipe onde cada participante precisa executar a sua função cuja a finalidade é a vitória. Nesse jogo há uma regra a ser cumprida, que inclusive pode ser burlada (uma cotovelada aqui, uma canelada ali), mas que se for pego infringindo essa regra, está passivo à puniçao. A falta é cobrada, defende-se como pode. Mas a partir do momento em que a punição foi exercida, não há do que reclamar, discutir, ou prolongar o assunto. O que é, é, aceita-se e bola pra frente (literalmente). Em certos momentos, é preciso se resguardar e dirigir-se ao banco de reserva, seja por uma lesão física, ou porque simplesmente hoje não está jogando bem. A noção de trabalho de equipe é fundamental. Os jogadores devem se respeitar, e principalmente se ajudar, pois só com a união chega-se à glória.

Mas que lição de vida é o futebol!

Veja bem, a grande maioria das crianças que praticam o futebol são meninos. Eles crescem aprendendo lições pra uma vida toda!

E a mulher? Brinca de boneca. Cresce aprendendo a ser mãe, a cuidar da casa e louca pra casar.

Imaginem o que acontece quando essa mulher chega na fase adulta e é inserida no mercado competitivo assexual!

Ela não só quer executar sua função, mas como mete o bedelho na função dos outros. Ao receber uma punição, não aceita e segue em frente, ela esperneia até perder a voz, quebra tudo e coloca a culpa no outro. Não trabalha em equipe. Não aceita ser colocada no banco de reserva. Quer ser elogiada todos os dias e a união que procura continua sendo o casamento.

Lógico que essa teoria é generalizada...eu por exemplo, sou rodeada de mulheres que são o oposto disso...
Eu mesma, inclusive, cresci jogando futebol...odiava brincar de boneca...e o que me tornei?

Numa histérica romântica louca pra casar!

Viu? teoria furada! Bola pra frente (literalmente)

28.7.10

23.7.10

Hoje eu suspiro.

Me sou inteira. Me sou vazia.
Me sou chuva. Me sou seca.
Me sou só. Me sou.
Sou.
Não fui.
Fui.
Não sou.
Sou-me. Só, me sou.
Sou, seca-me, pois sou chuva.
Inteira, sou suspiro vazio.

22.7.10

Normas adicionais contratuais

Fui.
Antes de ir preciso colocar os sapatos.
Sento, escuto, leio.
Ah, mas como meus ouvidos estão cansados, a carga horária de suas palavras de quem ama demais, muito pouco ama.
Jogue-me num precipício e amanhã viro capa de jornal:
"Rafaela, a menina da esquina vestida de santa do vigário é suicidada a pedido dela mesma" Dã.

Não, não sei quem fui. Não faço quem sou. E não serei eu a ser. Entendido?

Acho que vou matar um escritor só para provar meu ponto de vista.
Oi? Qual meu ponto de vista?
Que eu posso matar um escritor.

Sou amante do Blues, mas será que não percebe que quero um tango argentino?
Droga. Odeio interrogações, no entanto, estou condicionada.
A partir de agora só pontos finais:
Eu sou uma balada dissonante. sou rainha da madrugada. o último gole de whisky. Sou o mais non sense da imaginação. Sou o teatro do absurdo: pegue sua colher pra reger meu pé de mesa. Quero beijar sua boca carnuda que não foi feita pra falar. Quero me apolitizar. Chega de linhas, de certo ou errado. Venha atrás de minhas zonas úmidas e façamos história com infinitos erros gramaticais.

Eu amo você, não vê?

Perdoe-me, precisei usar uma última interrogação.

11.7.10

Imortalidade do dia

Meu dia hoje não morre. Imortalizamos sem nem ao menos programar.
Sou romântica. Sou boba? Talvez, mas amo.
Foi um daqueles dias com uma peça de Mozart regendo os acontecimentos. Quando dei por mim, estávamos ali: Eu com um presente na mão e você com o sorriso de quem fez uma criança feliz.
Nos deixamos levar ao que nos foi sendo oferecido. Uma noite sem narrativa. Dançamos a dança dos Deuses, nossos corpos pulsando a mesma melodia. Bebemos beijos, ouvimos arrepios, falamos risadas.
Suas mãos envolvendo minha cintura, minhas unhas cravando em suas costas.
Éramos duas pessoas vestidas em uma. Um mar de ressaca dentro de nós, um véu de névoa branca nos cobrindo, e no meio de tanta gente, o mundo parou. Só existíamos eu e você.
O silêncio foi quebrado:
"Você é minha?" Sou sua, respondo.
Somos preto no branco, somos a dialética do semelhante e oposto, pleonasmo e neologismo. Somos aquilo que ainda não foi traduzido.
O primeiro sinal do Recreio tocou. Ignoramos. A vontade de pular amarelinha camuflou nossa audição. Mas veio o segundo sinal. Nosso dia estava materializando a imortalidade.
A respiração foi tomando seu ritmo natural, mas os olhos fitavam-se estáticos. Ainda tínhamos o gosto tatuado no paladar e aproveitamos os últimos segundos de degustação.
"Eu fecho os olhos e tenho decorado cada pedaço do seu corpo". Da minha alma também.
Ah, mas que estranho dia pra se ter alegria!
Eu vivo o clichê do amor.
"Hey, vou te casar comigo"
E eu digo sim.

2.6.10

I've got the keys to the highway

Coloco o CD, aperto o play.
Acho que a culpa é da cadência.
Dá-se o tom original, ela cresce mas ainda não é a hora, então retrocede.
O restart foi dado.
Agora sim. O corpo já está pedindo.
E no crescente como o prelúdio do orgasmo chega-se ao ápice, o topo, o pico, a euforia.
E como todo e bom ato cíclico, o pós-gozo é esperado.
Volta-se ao tom inicial.
É, a culpa deve ser da cadência...
Ou então do choro da guitarra, do choro da gaita, do choro do piano...E meu corpo chora junto, mas até as lágrimas são devidamente arrumadas.
Veja bem, a cadência está ali, querendo ou não. Os acontecimentos são apenas aquilo que já se espera.
Se for insistente pode-se até acrescentar uma Blue Note, só para dar um florido. Nada além disso, ok? Deve-se seguir uma tragetória pré-formulada.
Está pensando o que? Os originais são apenas 36. Esse é o número 5. Não me pergunte os outros 31.
Voltemos à bateria. Ela não está só, tem sempre o contra-baixo como companheiro de viagem.
Ah, o casamento perfeito que rege as batidas do coração.
Vai acontecer novamente...ai...o arrepio começa da espinha e se espalha como sinapses por todo corpo e alma.
Sim, alcança a alma.
Minha alma dança, chora e goza nessa cadência de ouro.
Metáfora? É vida.

I'm feeling the blues, baby.

31.5.10

EU QUERO SER JOHN MALKOVICH

Tá bom, eu não quero ser precisamente John Malkovich, mas é que num desses dias eu revi esse filme e...Calma!!! Eu não estou aqui para fazer sinopse de filme e muito menos criticá-lo...eu só me senti levemente inspirada...
Sempre que eu vejo um filme ou leio um livro onde o personagem tem algum super-poder tento imaginar como seria se eu o tivesse...por exemplo...em X-Men eu adoraria ter o poder de me teletransportar, mas iria odiar ser um bicho azul que tem um rabo, então resolvi ter o poder da mente...o mais poderoso...hum...a verdade é que eu não tenho muita paciência pras pessoas, então não iria agüentar ficar sabendo de cada detalhe sórdido de cada mente medíocre ou não.
Eu até acho o Batman legal, ele é sombrio, misterioso...eu gosto disso...mas ele não tem um poder propriamente dito...Então, tchau.
O super-homem eu também gosto, ele é bonitão, inteligente, super mega forte...mas gente, o que me irrita profundamente nele é a prepotência de achar que ninguém o reconheceria porque ele usa um óculos simples.
E por aí vai...homem-aranha, talvez seja o meu preferido, mas tenho medo de altura.
O fantasma, pelo que eu saiba é cego...
Mulher-maravilha, ahhh, ela tem um laço e uma munhequeira...queria uma arma mais legal!!!
E foi então que eu vi o filme “Quero ser John Malkovich”!!!!
Imagina que incrível seria entrar por uma portinha e de repente se tornar a pessoa que quiser (porque eu jamais escolheria o John Malkovich, ele é bom ator, mas é careca e feio)...e eu me pergunto...quem eu seria???
Se fosse há algum tempo atrás, eu iria ser algum homem, eu tava cansada de ser mulher, menstruar todo mês, ter que me depilar, estar sempre bonita e ainda por cima lutar pra ser reconhecida como um ser com cérebro. Mas querem saber de uma coisa? Modéstia à parte, não há nada melhor do que ser mulher...a inteligência feminina é bem específica e muito difícil de ser entendida. A mulher possui outro tipo de força...outra sabedoria...Chega! Eu também não estou escrevendo pra enaltecer a mulher, eu quero ser John Malkovich! Ops, quer dizer, eu quero ser...ahn...bem...

Eu queria ter o cabelo da Alinne Moraes, ter o sorriso da Cicarelli, o nariz da Mariana Ximenez, o olhar da Gisele Bündchen, o pescoço da Gisele Bündchen também, o corpo pode ser da Jennifer Aniston, mas eu também posso ser parecida com a Angelina Jolie, ou ter os olhos da Jill Bennet...agora, no intelecto...eu não me importaria em ter a cultura da Marília Gabriela, e o talento da Lílian Cabral...posso ter o prestígio da Fernanda Montenegro e a raça da Fernanda Torres...posso ter o humor da Heloísa Perrisè com a alegria da Claudinha Rodrigues...

O X da Questão: Por que a grama do vizinho é sempre mais verde?

Porque eles têm dinheiro pra comprar adubo.

27.5.10

Ahhh sim...

Sim...eu quero.

Falar de Amor

Agora sim um texto meu....meuzinho e de mais ninguém, ok?

"Que o meu medo do futuro
Não me impeça de seguir em frente
E a minha vontade de viver
Não me faça esquecer quem fui
Pois parte de mim é o meu passado
E a outra...ainda não sei

Que o meu direito de ir e vir
Não seja incapacitado pelo seu direito de me bloquear
E que a linha tênue que nos separa
Não vire um pontilhado de interesses egoístas
Pois a minha liberdade começa onde a sua termina

Que o fator que nos julga
Não nos condene com a autocrítica
E que o espelho que nos vemos
Não distorça a imagem refletida
Pois nossos corpos já foram por demais mutilados

Que a minha liberdade de expressão
Me permita perceber as consequências
Mas que as palavras de bem
Sejam sempre escutadas
Pois as pessoas esqueceram que ouvir
É mais sábio que falar

Que a violência não me prenda em casulos
Que a minha família evite podar minhas escolhas
Que o sexo reserve seu dever de ser feito com carinho
Que as crianças vivam as suas infâncias resguardando a inocência
Que o dinheiro não seja mais importante que o princípio
Que o amor venha antes da Ordem e Progresso
Que não existam amores impossíveis, e sim escolhas mal feitas
Que se prevaleça a vontade de ser feliz e haja coragem para isso
Que eu possa gritar aos sete ventos que amo, e é só isso que importa
Pois não há nada mais libertador
Do que falar de amor..."

Um texto que não é meu.

Para me apresentar como a mais nova bloggeira...recorro a um texto que infelizmente não é de minha autoria, mas traduz perfeitamente o que seja o Estado do Eu, Tatiana, juntamente com a filosofia romântica do Eu, Também Tatiana. Entendeu?

"não falo do amor romântico,
Aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento.
Relações de dependência e submissão, paixões tristes.
Algumas pessoas confundem isso com amor.
Chamam de amor esse querer escravo,
E pensam que o amor é alguma coisa
Que pode ser definida, explicada, entendida, julgada.
Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro,
Antes de ser experimentado.
Mas é exatamente o oposto, para mim, que o amor manifesta.
A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado.
O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita.
O amor é um móbile.
Como fotografá-lo?
Como percebê-lo?
Como se deixar sê-lo?
E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor não nos domine?
Minha resposta? O amor é desconhecido.
Mesmo depois de uma vida inteira de amores,
O amor será sempre o desconhecido,
A força luminosa que ao emsmo tempo cega e nos dá uma nova visão.
A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação.
O amor que ser interferido, quer ser violado,
Quer ser transformado a cada instante.
A vida do amor depende dessa interferência.
A morte do amor é quando, diante do seu labirinto,
Decidimos caminhar pela estrada reta.
Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos,
E nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim.
Não, não podemos subesti,ar o amor e não podemos castrá-lo.
O amor é orgânico.
Não é meu coração que sente o amor.
É a minha alma que o saboreia.
Não é no meu sangue que ele ferve.
O amor faz sua fogueira dionisiaca no meu espírito.
O amor fgrita seu silêncio e nos dá sua música.
Nós dançamos sua felicidade em delírio
Porque somos o alimento preferido do amor,
Se estivermos também a devorá-lo.
O amor, eu não conheço.
E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo,
Me aventurando ao seu encontro.
A vida só existe quando o amor a navega.
Morrer de amor é a substância de que a vida é feita.
Ou melhor, só se vive no amor.
E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto."